1 de set. de 2009

Escritos/3.

Ausência.
Tive uma filha.
Batizei-a de Ausência.
Ausência era feia, porém, bem tratada.
Onde eu estava, Ausência estava.
Era eu presente para Ausência
e Ausência sempre presente ao meu lado.
Com o tempo, Ausência cresceu.
Ausência era muda, fria, má e solitária.
Ausência me tornou amargurada, mas estava sempre lá,
me observando e fazendo exigências,
mesmo com a ausência das palavras.
Ausência tornou-me insone.
Eu vivia pela casa, com o coração aflito.
Se Ausência se acidentasse, eu não ouviria gritos.
Na casa, havia uma escada.
Ausência, estabanada, rolou um dia por ela.
Ausência morreu em mim, ainda jovem e donzela.
Agora, Ausência ausente,
eu me faço presente
para minha recém-nascida: Vida.


TF* - 18/04/05.

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