10 de jul. de 2009

Um momento absoluto.

Eu estava no metrô relendo “O encontro marcado” e, de súbito, meu pensamento se voltou para um período já um pouco distante: 2004/2005. E enquanto Toledo dizia ao Eduardo para ir embora de Minas, eu lembrei de mim, ávida por ir embora (de Fortaleza) desde esse período. Recordei das coisas que fazia nesses anos e das pessoas com quem costumava estar.
E coincidência das coincidências, tive contato com 02 dessas pessoas hoje: Hildenê e Jr.
Com Hil, conversei via Google Talk. Ele tinha acabado de criar um blog, queria que eu visse. Primeiro, me mandou um recado no Orkut:
“Ei... dá uma sacada... eu fiz um blog: Assim por diante
E quase em seguida:
“Num eh vírus não... sou eu mesmo, merda!”
Respondi:
“Ah, bom... me chamou de merda, então eu acredito que não é vírus!
Amo-te, seu merda! :p ”

Vi o blog, comentei e ainda fiz a descrição do perfil dele, partindo do que ele é para mim (sim, eu sou a menina do balão). Comentei que ainda aprenderia a escrever. Ele disse que eu já sei fazer isso e, que se eu lançar um livro, ele vai comprar. Me senti importante!
E o Júnior me marcou numa foto de 2006, no álbum orkutiano dele. Era uma calourada daquelas a qual sempre íamos no Benfica. Eu fiz um comentário na foto. Horas depois, sem nenhum motivo especial, voltei à mesma página e vi que ele tinha comentado logo abaixo, com uma única frase:
“Sinto saudade de ti”.
E só agora, no metrô, relendo uma história que quase poderia ser a minha, eu senti uma puta saudade. Fiquei pensando na frase do Jr., uma coisa tão direta, eu diria mesmo seca, sem enfeite, mas eu não queria mais nada, não... A frase foi simples, só isso. E a simplicidade continha tanto, a palavra saudade já diz muito – diz, na verdade, tudo que eu queria ouvir dele.
Então, sozinha na estação, sozinha entre tantas gentes e tantas outras solidões, eu imaginei que esse poderia ser, enfim, o meu momento absoluto. O momento onde eu decidiria o rumo dessa vida, onde eu tomaria uma grande decisão, baseada em acontecimentos e presenças do passado e do presente.
Por esse momento, um momento grande e todo meu, eu tive vontade de chorar. Relembrei o quanto eu quis ir embora e o quanto sinto falta das pessoas que ficaram – na cidade que eu deixei, no tempo e nas lembranças.
Eu não sei se foi meu momento absoluto, mas sei que tomei uma decisão, partindo disso mesmo: acontecimentos e presenças do passado e do presente – vou escrever, escrever um romance, o meu romance.
Eu lembro de uma vez, lá pelos idos de 2005, quando eu levei meu caderninho de textos para o professor Júlio ler. Eu levei porque gostava dele (apesar dele fumar sempre e muito) e queria saber o que ele tinha a dizer sobre meus escritos e minhas pretensões literárias. E o que ele disse foi:
- Você escreve bem. Não pare de escrever. Você escreve insights, impressões do mundo, meio soltas. Eu sugiro uma coisa: escreva um romance.
E agora, mais de 04 anos depois daquela conversa com Júlio, eu sei que talvez eu não saiba escrever, que talvez eu escreva bem para alguns, mas outros me achem mortalmente chata e prolixa, mas dane-se: preciso escrever. E é isso que farei.
Quem sabe um dia meu romance seja publicado, quem sabe vire série de TV – e quem sabe fique na gaveta – o importante é deixar registrado de forma mais detalhada tantos anos e tantas pessoas, saudades e causos que marcaram e marcam essa minha existência.

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