28 de out. de 2009

Caronas/3.

Foi mais ou menos assim: a Angélica chegou na minha antiga casa, de mochilinha nas costas e tudo, e me chamou para viajar para Paracuru (terra natal dela). Eu falei que não poderia ir, por pura falta de dinheiro, mas ela não se deu por vencida: "Arranja o dinheiro para ir e voltar, que o resto das coisas nós temos lá". E tínhamos mesmo. Desde criança eu vou para Paracuru e desde criança fico na casa da tia dela. No problems ;)
Fiquei logo com uma louca vontade de ir e acontece também que odeio recusar convites para viajar. Então, pensei em outra forma de chegar até a cidade - porque não queria pedir o dinheiro de ida e volta para minha mãe.
- Angélica, já te contei do paraibano que conheci que pegou carona pra chegar em Fortaleza saindo de João Pessoa?
- Já.
- Então... Podemos fazer a mesma coisa, cara! Topa?

Depois de convencê-la de que essa seria uma boa altenativa (meu Deus, foi tão fácil!), Breno e Deb apareceram para me visitar, assim de surpresa mesmo. Contamos nossos planos mirabolantes a eles e eu aproveitei para perguntar ao Breno se ele sabia um "bom ponto" para que pudéssemos pedir carona.
Ele nos indicou o lugar - um posto no meio da estrada entre Fortaleza e Caucaia. Então, mochilas arrumadas... Paracuru nos aguardava!

No dia seguinte, tomamos um ônibus até o local que o Breno havia indicado, encontramos o posto e foi próximo a ele que paramos com nossas bolsas.

Me lembro bem: eu estava de cócoras, pegando alguma coisa na mochila. Devia ser o spray de pimenta. Anyway, eu estava com as mãos ocupadas e alguns carros estavam vindo, então a Angélica não perdeu tempo e esticou o polegar. E na primeira esticada, um carro parou.

Era um homem de aproximadamente 45 anos, que estava sozinho.
- Para onde vocês vão?

Nos entreolhamos, pois nós é que devíamos perguntar aonde ele ia. E perguntamos:
- Para onde você vai?

Ele insistiu:
- Me digam para onde vocês vão.
- Paracuru.
- Então, entrem aí que eu levo vocês.


O nome dele era João. Conversamos durante todo o trajeto. Ele contou que costumava dar carona e, inclusive, já tinha arranjado algumas "namoradas" assim. Contou que morava em Icaraí (praia de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza) e tinha um filho adolescente que gostava de surfar. Contou que estava mesmo com vontade de ir à Paracuru, "quanto tempo não apareço lá!", e claro, se insinuou para nós, mas nada que nos fizesse saltar do carro em movimento. Ha-ha.

Já em Paracuru, ele nos levou à praia, onde, à convite dele, comemos caranguejo, bebemos cerveja e assistimos ao pôr do sol. E depois, nos deixou no local combinado. João nos convidou para ficar em Icaraí, na casa dele. Disse que poderíamos ir no dia seguinte. Ao se despedir, falou:
- Não esqueçam: se mudarem de ideia, podem me telefonar. Venho aqui buscar vocês.

Seguimos para a casa da Zuleide (tia da Angélica) prometendo que nossa próxima carona seria de Fortaleza para Recife, o que nunca aconteceu, pois 02 meses após essa aventura, a Angélica se mudou para a Suíça.

A Zuleide não soube exatamente como chegamos, mas creio que adivinhou. Ela se apiedou de nós e nos deu dinheiro, para ter certeza que voltaríamos de ônibus.

E no mais, só posso dizer que aquele feriado de junho de 2007 foi muito bom e que nunca mais vimos o João. Não mudamos de ideia.

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