19 de mar. de 2009

Conservatória/1.

Eu soube da existência de Conservatória através de um moço chamado Leonardo - o Leo Pacheco. Foi no blog dele, que eu descobri nem lembro mais como, que li sobre esse pedacinho delicioso do mundo. Isso foi em 2003.

Os anos passaram, mas não a vontade de ir lá. Dudu e eu estávamos planejando ir pra Ouro Preto no meu aníver, mas como a grana era pouca, eu pensei em Conservatória, que na verdade era a opção pra nosso aniversário de 1 ano juntos, em junho.

Bom, planos mudam, então Ouro Preto passou pra junho e Conservatória pra março. :)

Ficamos num impasse sobre a questão da estadia, pois não conhecíamos ninguém lá. Eu pesquisei pousadas na net, mas sabia que isso seria caro... E a nossa grana tava bem curta mesmo. Teríamos que fazer favores sexuais pra pagar a comida, se fosse o caso, mas de qualquer jeito, o negócio era viajar.

O Dudu chegou a sugerir outro lugar... Um amigo dele chamado Samir, que é casado, tava a fim de passear por aí com a esposa durante o fim de semana. E dividindo as despesas entre 4 sairia mais em conta - fora que iríamos de carro, sem depender de horário de ônibus pra chegar. Porém, Samir e a mulher dele queriam ir pra praia e eu... Pombas, era MEU dia que estava em questão e eu queria passá-lo num lugar onde eu realmente quisesse estar e pah, quem me conhece sabe que não curto praia, então eu disse que não iria com eles. Queria ir pra Conservatória e pronto, rs. (cabeça dura de lascar meeeeeesmo!). Acabou que combinamos de ir na louca mesmo, com barraca, mas sem nem saber se lá tinha camping. Eu imaginava que se não tivesse, algum morador bondoso poderia nos abrigar em seu quintal por 50 mangos, hahaha. Na sexta, Dudu veio ao Rio, me encontrou no Centro (eu tinha pedido demissão justamente nesse dia) e pegamos um bus pra rodoviária. A meta era chegar lá às 20:15, pra pegar o ÚNICO ônibus que sai durante TODA a semana do Rio pra Conservatória.

Mas... O imprevisto está ao virar a esquina.

Caiu uma chuva braba aqui no Rio. A cidade estava um caos, com ruas alagadas e trânsito infernal. Chegamos na rodoviária às 20:30. Ou seja: o bus tinha saído. Porém, nem tudo estava perdido. Por conta das pesquisas virtuais, eu sabia que poderíamos fazer uma baldeação; ir pra Barra do Piraí ou Valença e, de uma dessas cidades, poderíamos pegar um transporte até Conservatória.

Optamos por Barra do Piraí. Quando chegamos, o último ônibus para Conservatória (das 23:00) tinha acabado de sair. Ainda tentamos rachar um táxi com uma moça que conhecemos durante o trajeto Rio-Barra, mas achamos melhor gastar o $ do táxi passando a noite por lá mesmo (gastamos menos até).

Lanchamos na Praça Nilo Peçanha, em frente à Rodoviária de Barra do Piraí. A praça era uma gracinha, com um coreto e uma fonte. Bonitinha mesmo.

A noite nós passamos em um motel vagabundo, do lado da linha do trem. Dudu comentou:
- Acho que de todos os motéis onde já fomos, esse aqui é o pior.
Eu argumentei sobre um onde fui em Fortaleza, há alguns anos, chamado "Dorado" (sim, comeram o U de DoUrado!), que custava 6 reais (!). A permanência era de 2h. Mas depois, pensando bem, lembrei que o "Dorado" pelo menos tinha rádio. ;p

No dia seguinte, depois do café, rumamos (finalmente!) pra Conservatória. Quando chegamos, tinha acabado de chover. Perguntamos onde ficava o camping e, depois de uma indicação, começamos a andar. Mas puta que pariu, as mochilas estavam pesadas pacas, o sol decidiu aparecer pra nos torrar, então paramos e decidimos perguntar pra outra pessoa se o camping estava próximo. Qual não foi nossa surpresa quando o cara respondeu: "Ah, vocês vão precisar de um táxi... Fica a uns 3km daqui. E o caminho deve estar todo enlamaçado, por causa das chuvas de ontem e de hoje".

Após uma breve DV - Discussão de Viagem - decidimos voltar pra perto da Rodoviária, pois lá vimos algumas pousadas. O negócio era 'achar a mais vagabunda, pechinchar e se jogar'! Entramos no primeiro lugar avistado. Não era assustador, nem sujo, nem fedorento, então de cara a primeira coisa que perguntamos foi o preço. A dona nos mostrou um quarto de 60 paus a diária, com banheiro, TV, uma cama de casal, ventilador de teto, mesinhas de cabeceira e um beliche. Poxa, a gente não precisava de tanto conforto e daquele espaço todo, ainda mais por esse preço. Então, o Dudu suplicou: "A senhora não tem um mais barato, não?" Aí, ela nos mostrou um com uma cama de casal, uma cama de solteiro, banheiro, ventilador de teto e um armário de ferro. "A tampa da privada tá quebrada, então posso fazer pra vocês por 30 reais a diária". Supimpa!

Pronto. Tínhamos lugar pra ficar, agora só faltava encher a pança. A dona da pousada, que se chamava Alessandra, nos indicou um lugar, o Restaurante da Cida. "Olha, a quentinha custa 6 reais e ainda vem com salada. Se vocês não comerem muito, acho que uma só quentinha dá pros dois". Dudu me olhou apreensivo, talvez lembrando-se da amarga experiência de pagar quase 1kg de comida pra mim, quando almoçamos na estrada, vindo para o Rio. Eu nem me preocupei: poderia comer o bom e velho "arroz-com-feijão" e depois atacar uns biscoitos, hahaha. Afinal, tínhamos levado comida; só não dava era pra cozinhar.


Continua....

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