O que é a morte, afinal?
Pra você, eu não sei, mas pra mim, é só uma outra forma de vida.
Minhas conversas com Deus não são muito produtivas, mas isso não me impede de acreditar em vida após a morte.
Mesmo assim, sempre que recebo notícias sobre o funeral de alguém conhecido, me surpreendo. Não foi diferente no sábado, quando Kylvia me avisou sobre o pai da Débora.
O nome dele mesmo era Seu Britto, mas pra mim será sempre "pai da Débora".
Lembro que quando eu aparecia sem avisar e Deb não estava em casa, ele me convidava pra esperar e tomar o "café das cinco".
Ele tinha um ritual preciso pra preparar o café: primeiro o leite em pó, depois o nescafé, o açúcar e daí, molhava a colher com água quente, pra enfim mexer tudo calmamente.
Lembro também de quantas vezes eu lhe disse:
- É hoje que o senhor vai me dizer o que os maçons fazem, né?
Ele ria:
- Vamos tomar café.
Débora comentava:
- Meu pai tá te enrolando, sabia?
- Ah, que nada. Ele ainda vai me contar. Meu pai não me contou, mas ele vai dizer. Não vai?
Ele respondia:
- Depois, depois.
Um dia, falei:
- Por que as mulheres não podem saber sobre as coisas que os maçons fazem?
A resposta foi curta:
- Porque falam demais.
Tive que revidar:
- Eu não falo demais. Juro! Se o senhor me contar, não vou dizer pra ninguém.
A verdade é que ele nunca me contou. O mais perto que chegou sobre falar de maçonaria comigo foi quando me mostrou a gravata (própria) que usava nas reuniões.
Depois que eu soube da morte dele, mandei um email para Débora:
"Eu soube do teu pai através da Kylvia e quero dizer: meus pêsames. E também quis te mandar um texto sobre isso, a morte... Espero que goste dele tanto quanto eu gostei daquele que tu me mandou sobre "o porteiro do puteiro" (nossa, ficou estranho "puteiro" e "pêsames" na mesma mensagem, né? mas eu não vou apagar não, caso contrário, não seria eu ;p ).
Beijos.
Cuide-se.
Taty.
Segue o texto logo abaixo:
Quando observamos da praia, um veleiro afastar-se da costa, navegando mar adentro, impulsionado pela força dos ventos, ele nos parece cada vez menor. De repente só podemos contemplar um pequeno ponto branco onde o mar e o céu se encontram. Quem observa o veleiro sumir no horizonte certamente exclamará: "já se foi". Terá sumido? Evaporado?
Não certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não podemos mais vê-lo.
Mas ele continua o mesmo. Talvez, no exato instante em que alguém diz "se foi", haverá outras vozes, mais além, afirmar: "lá vem o veleiro". Assim é a morte. Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos "já se foi".
O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu, suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado. Conserva o mesmo afeto que nutria por nós.
Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado. E é assim que,no mesmo instante em que dizemos "já se foi", no mais além, outro alguém dirá feliz "já está chegando".
Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena. A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.
Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que resolve por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de chegadas e partidas. De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Um dia, partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro, partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajantes da imortalidade que somos todos nós".
Apesar de acreditar em vida após a morte, acho que aquele tempo de cafés e perguntas sobre maçons continuarão a me fazer falta...
P.s.: Esse texto é de um site que eu visito de vez em quando e que tem bons artigos: Somos todos um.
3 de fev. de 2009
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Um comentário:
- Por que as mulheres não podem saber sobre as coisas que os maçons fazem?
A resposta foi curta:
- Porque falam demais.
Adorei essa parte.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Foi ele que realmente fez a planta da ponta da Barra do Ceará?
A Deb me falou isso, mas ate hoje não sei se é verdade.
hauhauahua
Ele já da saudades faz um tempo, desde quando parou de andar.
:/
=*
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