Era carioca e malandro, muito malandro.
Em nossa primeira (e última) noite juntos, brigou com um holandês dono de boate, vendeu remédio pra um italiano como se fosse cocaína, encarou um ladrão que felizmente estava desarmado...
- Mostra o teu que eu mostro o meu! - ele disse, enquanto que eu já pensava em me jogar no mar que estava logo à minha frente.
Depois de enganar o italiano, fugimos da vista dele no primeiro táxi. Com o resto do dinheiro, pagamos um motel fuleiro. Entre uma conversa e outra, ele disse:
- Vou dar um jeito de voltar pra Europa. Vem pra Espanha comigo?
O carioca me contou dos últimos anos, quando, ainda no Rio, vendia remédios (Sonrisal pisado, por exemplo) como se fossem drogas:
- Os gringos não podiam reclamar e muito menos me denunciar. Sou filho de policial, então a polícia me protegia, afinal, meu pai era conhecido e eu não era traficante de verdade, estava era sugando a grana dos gringos mesmo. E isso, os PMs apoiavam.
Depois de ganhar um bom dinheiro enganando estrangeiros, ele se meteu com uma suíça, foi embora pra Europa, teve uma filha com ela, se separou, foi deportado. Quando nos conhecemos, estava fodido.
Chamava-se Alan e era muita confusão numa pessoa só. Muito mais problemas do que eu poderia suportar ou mesmo querer. Tinha costas largas e um corpo bonito, mas não era o deus do sexo. Deixei o celular desligado durante dias, até que ele se 'autodeportasse' de Fortaleza. Desde então, nunca mais o vi e espero que a vida continue deixando nossos caminhos bem separados.
25 de fev. de 2009
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