No ano do vestibular, eu fazia tudo menos estudar. Namorava às pampas, saía e voltava para casa de manhã – ou nem voltava, ficava na morada de alguma amiga e nem avisava; ou seja, além de não estudar, tampouco dava satisfações em casa. Restava a minha pobre mãe telefonar para meu celular para ver se eu ainda estava viva. Eu não costumava ter dinheiro sobrando, mas isso não chegava a ser grande empecilho. E, depois de fazer o que bem entendia e saborear os prazeres juvenis, eu dizia a mim mesma: "vou estudar, preciso estudar". Mas isso raramente acontecia.
Uma dessas ocasiões, me recordo bem, foi quando um pretendente chegou para uma visita, em pleno domingo de estudos. Eu já estava cansada de ver tantos números e fórmulas matemáticas após a eternidade de 40 minutos, quando ele irrompeu em minha pacata residência e minha mãe o convidou para almoçar. A presença dele já não era interessante para mim, então fulminei minha mãe com um olhar diante do convite, mas ela nem notou (ou notou e me ignorou). Ficamos, o rapaz e eu, na mesma mesa: eu tentando ou fingindo que tentava estudar; ele se entretendo ou fingindo que estava entretido com uma revista – isso até o almoço ficar pronto.
Almoçamos juntos, depois ele foi embora. Nem lembro se tentou me beijar, mas isso é o menos importante; eu só queria que ele sumisse, para que não pensasse em tomar minha atenção dos estudos. Era bobagem minha. Na verdade, ele só queria mesmo comer a comida da minha mãe, que é hummm... hummmm... ai, meu Deus! – é tão gostosa que só de lembrar eu já fico com água na boca. Então, voltando ao domingo: depois que o rapaz se foi, acho que eu fui ouvir música e deixei os livros e as apostilas de lado.
Estudar era um saco, esse papo de vestibular era um saco. O que eu gostava mesmo era de bradar minhas bobagens aos quatro cantos e ler o que me interessava. Vai ver foi por isso que passei no vestibular. Ou vai ver foi por essas coisas que a gente chama de "golpe de sorte". É, deve ter sido sorte mesmo.
Eu estudava num dos melhores colégios de Fortaleza, o Farias Brito. Tinha notas medianas e bolsa de 40%. Não li nenhum, repito, NENHUM dos livros que constavam da lista da UFC ou da Uece para o vestibular daquele ano – apelei para resumos e tudo que aprendi nas aulas. Só gostava mesmo das aulas de História, Português e Inglês – e ainda assim, volta e meia matava as aulas de Inglês, pois julgava já ter visto tudo que ia cair no vestibular durante as aulas no curso de Inglês do Imparh (e era bem por aí mesmo). Nas aulas de Português, eu costumava prestar atenção, mas às vezes desenhava ou fazia observações bobas nas apostilas e também tinha por costume escrever redações que se enquadravam entre a comédia e o pornô. Nas aulas de História aos sábados, eu morria de rir do professor que se fingia de espermatozóide, de criança ou de imperador louco – o nosso professor era um ator, no melhor conceito que a palavra pode adquirir.
E nas outras aulas, conversava com a Débora por papel. Sempre falávamos que o professor Antonino (de Química) tinha uma bunda que dava vontade de apertar. Ou de como o Edilson, um colega de sala odiado pela Deb, era um verme idiota. Inclusive, eu enchia a paciência dela, dizendo que o ódio que ela nutria na verdade devia ser amor, e que eles ainda se casariam. Também falávamos sobre quando iríamos novamente visitar o Marcos Flávio, que era nosso “namoradinho em comum”. Bom, mas o que eu conversava com a Débora merece um post à parte que deixarei para outro dia.
Pois bem, chegou o vestibular. Eu me inscrevi para Direito na UFC, por causa da minha mãe – já que não tinha estudado, ao menos ia tentar o curso que ela queria para mim – o que foi uma grande besteira. Na Uece, não sabia o que poderia ser uma boa opção. Pensei em História, optei pelo Serviço Social – outra besteira. Aí, lógico, eu não passei na UFC, mas só Deus sabe porque, passei na Uece -> Aew, passei!.
Foi duro largar a vida de pré-vestibulanda e ir para a faculdade. Na verdade, o 1º semestre nem foi tão ruim. Mas no 2º eu comecei a pensar o que diabos estava fazendo ali, se minha vontade, desde 2001, era cursar Jornalismo. Aí, eu larguei a Uece, a minha mãe quase teve um troço. Mas o que aconteceu depois é história para um próximo post.
31 de jul. de 2009
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2 comentários:
tivesse, passado em Direito, tinha sido mais engraçado.
É, eu sei. Mas aí, pensa só: depois eu com certeza teria largado o Direito e o troço da minha mãe seria maior. Era capaz dela me deserdar! hahaha.
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